Após mais de uma década em desenvolvimento e um investimento que já ultrapassa os 750 milhões de dólares, Star Citizen se tornou o jogo mais caro da história. Ainda em fase de criação, o projeto continua conquistando fãs da exploração espacial, impulsionado pela visão de um apaixonado por Star Wars e uma campanha de financiamento coletivo sem precedentes.
Chris Roberts e o Legado de Wing Commander
A trajetória de Star Citizen tem raízes nos anos 90, quando Chris Roberts, então diretor criativo da Origin Systems, lançou Wing Commander em 1990. O sucesso foi imediato, cativando entusiastas da ficção científica e garantindo sequências cada vez mais populares. A Electronic Arts adquiriu a Origin Systems e, sob seu comando, Wing Commander ganhou diversos novos títulos, mas Roberts começou a sentir que sua criatividade estava limitada pela necessidade de lançar continuações sem inovação.
Decidido a trilhar um caminho próprio, ele fundou a Digital Anvil em 2000, onde desenvolveu Starlancer e iniciou um projeto ambicioso chamado Freelancer. O jogo prometia vastos sistemas estelares, multiplayer massivo e uma experiência dinâmica, mas a falta de recursos levou à venda da empresa para a Microsoft. Mesmo assim, Freelancer foi lançado em 2003, ainda que reduzido, e se tornou um clássico do gênero.
O Nascimento de Star Citizen
Após algumas experiências no cinema, Roberts decidiu retomar seu sonho de criar o simulador espacial definitivo. Para evitar interferências de grandes distribuidoras, fundou a Cloud Imperium Games (CIG) ao lado de sua esposa, Sandi Gardner, e do advogado Ortwin Freyermuth. A estratégia de financiamento foi revolucionária: uma campanha de crowdfunding lançada simultaneamente no Kickstarter e em seu próprio site.
O sucesso foi estrondoso. Em poucos meses, Star Citizen bateu recordes, arrecadando 6,2 milhões de dólares e estabelecendo um novo modelo de financiamento baseado na venda de naves digitais, permitindo aos jogadores adquirirem veículos exclusivos antes mesmo de sua implementação no jogo.
Expansão e Primeiros Desafios
Com o sucesso do financiamento, Roberts anunciou que o jogo seria lançado em módulos:
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Hangar (2013) – Primeiro vislumbre do universo, permitindo aos jogadores explorar suas naves.
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Arena Commander (2014) – Combate espacial multiplayer.
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Módulo Social (2015) – Primeira interação entre jogadores.
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Alpha 2.0 (2015) – Introdução ao universo persistente.
Com cada nova etapa, o financiamento crescia exponencialmente, mas também surgiam críticas. O desenvolvimento lento e promessas ainda não cumpridas deram origem a teorias de que o jogo seria um golpe, apelidado de Scam Citizen por seus detratores.
Tecnologia e Desafios Técnicos
Para sustentar a visão de um universo massivo, a CIG apostou em tecnologias inovadoras, como o Persistent Entity Streaming, garantindo que itens deixados em qualquer ponto do universo permanecessem no mesmo local, e o Server Meshing, um sistema avançado para dividir servidores de forma dinâmica e melhorar o desempenho do jogo.
Em 2016, a mudança para a Lumberyard Engine da Amazon gerou uma batalha legal com a Crytek, que acusou a CIG de violar contratos de uso da CryEngine. O processo se arrastou por anos, gerando dúvidas sobre a viabilidade do projeto, mas a Cloud Imperium Games seguiu em frente.
O Presente e o Futuro de Star Citizen
Atualmente, Star Citizen continua em desenvolvimento, com um novo estúdio em Manchester abrigando mais de 1.000 funcionários. Em 2023, o projeto alcançou a impressionante marca de 750 milhões de dólares arrecadados, enquanto novos conteúdos, como o aguardado sistema solar Pyro, seguem em produção.
Apesar das críticas e do longo tempo de desenvolvimento, o jogo mantém uma base de fãs leal, fascinados pela promessa de uma experiência espacial sem precedentes. Com avanços técnicos significativos e a implementação do Server Meshing finalmente se tornando realidade, Star Citizen pode estar se aproximando de seu momento decisivo. A grande questão que permanece é: quando essa ambiciosa jornada finalmente chegará ao seu destino?
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